Comunicado conjunto das Associações Técnico Científicas dos Médicos Veterinários portugueses sobre a retirada de competências da DGAV
As Associações Técnico Científicas dos Médicos Veterinários portugueses vêm por este meio repudiar a proposta de retirada de competências no que concerne à proteção e bem-estar animal da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). De resto, manifestamos o nosso total desacordo de qualquer proposta que disperse a tutela das questões relacionadas com os animais domésticos. Essa dispersão só fragilizará a proteção dos animais.
A saúde física e o bem-estar e, por consequência a sua proteção, são indissociáveis. A separação da sua tutela levará inevitavelmente a graves danos para os animais. Mais, se como se adivinha, a tutela de parte da saúde animal terminar nas mãos dos que, com boas intenções ou não, pouco percebem da saúde, do comportamento e do bem-estar dos animais domésticos.
A Associação Portuguesa de Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia (APMVEAC), a Associação Portuguesa de Médicos Veterinários de Equinos (APMVE) e a Associação Portuguesa de Buiatria (APB), são constituídas por médicos veterinários que trabalham com diferentes espécies, mas sempre tiveram em comum a preocupação, desde a fundação de cada uma delas, de cuidar o melhor possível de todos os animais domésticos. Para tal, nas suas ações de formação, nas suas publicações e nas suas intervenções públicas sempre zelaram pela divulgação do melhor conhecimento científico disponível. São assim, detentoras de um Saber que não pode ser ignorado pela tutela.
Aliás, é muito esclarecedor que nenhuma entidade não partidária, tenha manifestado apoio à desastrosa proposta de retirar a tutela da proteção e bem-estar animal da DGAV.
É um silêncio que tem que ser ouvido.
Quem sabe do que fala, percebe que será um mau caminho a seguir. Um caminho que terminará com animais em piores condições de saúde e bem-estar e que essa degradação da vida dos animais domésticos levará a ploblemas sociais e de saúde humana graves.
A DGAV tem que ser munida de mais e melhores meios técnicos e humanos. Portugal tem que investir mais na saúde animal, melhorando também assim a saúde humana. Mas tem que fazê-lo com base em conhecimento técnico-científico. Não pode fazê-lo com base em ideologias radicais, desprovidas de outros fundamentos que não a sua lógica interna tautológica.
Serão os animais, a que cada um de nós se dedica de corpo e alma todos os dias, os que mais sofrerão com estas medidas imponderadas.